No sentido espiritual, é bem verdade que o meio evangélico
vem sentindo duros golpes das muitas teologias que atualmente compreendem o
universo “gospel”. Para um melhor entendimento do que propomos no título deste
artigo, ressalte-se a Teologia da Substituição e a Teologia da Prosperidade. Na
primeira há um enorme desvio ante os fundamentos da fé no Eterno, Sua Lei
(Torá), Seu povo e Seu propósito. Isso se dá na medida que o Pai é substituído
pelo Filho, a Lei pela Graça, Israel pela igreja cristã, e o propósito de
restauração pelo de reforma. Já em relação a Teologia da Prosperidade, vê-se um
abismo enorme ante as diferenças da teologia ensinada na igreja de Atos, onde
havia unidade de propósito e divisão de propriedade conforme a necessidade dos
irmãos mais desprovidos. Também essa teologia bate de frente ao ensinamento de
Yeshua no que se refere aquela conversa com o jovem rico, que era zeloso na
prática da lei, mas que mostrou-se temerário a trocar a salvação pelos seus
bens, uma vez que o Messias teria ensinado que ele deveria vender tudo o que
tinha e dividir com os pobres.
Na atualidade o que se vê de forma mais descabida, é
justamente que o evangelho que se prega é aquele que “os meus ouvidos querem
ouvir”. O Deus que se apresenta é aquele que me convém. Aquele que tem que me
dar a cura, os bens de que necessito e que me ajude a pisar nos meus inimigos.
Infelizmente essa é a realidade da evangelização e tudo isso
pode ser provado muito facilmente bastando ao leitor ligar a TV ou o rádio e
sintonizar os muitos programas religiosos que fazem uso destes artifícios
levando o povo ao engano e afastando-o cada vez mais da verdade das Escrituras.
O povo não conhece mais o Eterno criador do universo. Cada pessoa em particular
tem o seu próprio Deus. E se alguém entende que o politeísmo grego já foi
vencido, é hora de cair na real para perceber que levados pelo engano dessas
duas teologias, mais próximos estamos da reinvenção de outras tantas mitologias
e paganismos.
Preocupa, ainda mais, o maior mito da atualidade, o Deus
“Eu”. Esse é o mais venerado por idolatria. Ele está em toda parte, desde minha
boca, no meu andar, no meu vestir, no meu perfil nas redes sociais. Em tudo e
por tudo. Ele é mesmo a minha imagem, basta ver na minha “selfie”, nos meus
comentários, nas minhas publicações. Onde eu estou ele está. Ele me localiza,
ele sabe onde vou e com quem estou. Ele até tem um livro da minha vida e nesse
livro uma linha de meu tempo perdido com as minha falsas aparências e falsos
pensamentos.
Convém que estejamos acordados para essa realidade a fim de
voltarmos ao primeiro amor. O amor verdadeiro. O amor aos mandamentos do
Eterno, ao seu Caminho único que leva a Vida. É preciso reconhecermos que o
sangue derramado pelo Filho teve um alto preço e que a salvação é a
perseverança na fé em Yeshua e seu testemunho. É imperioso que saibamos que fé
é sinônimo de fidelidade. Esta fidelidade obriga o homem a observâncias do que
para nós foi determinado pelo Pai nos cinco primeiros livros da Bíblia, na
Torá, na Lei, pois se assim não fosse em vão seria a frase dita várias vezes
pelo messias: “Vá e não peques mais!”. Tudo isso nos levará a sermos libertos dos
laços do inimigo e é claro das vãs
doutrinas e dos enganos das falsas teologias, que sequestram nossos corações e
mentes.