sexta-feira, 17 de março de 2017

O TEU POVO SERÁ O MEU POVO, O TEU DEUS SERÁ O MEU DEUS

A primeira vez que ouvi a frase que dá o título dessa mensagem foi no casamento de minha quarta irmã. O texto escolhido para a mensagem da celebração de casamento era esse que está registrado no Livro de Ruth, capítulo 1, versículo 16.

Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus;
Na época, como não tínhamos essa aproximação com Israel, o entendimento da mensagem ficava apenas no nível raso de interpretação.
Hoje, aproximado que estou do verdadeiro contexto bíblico das Escrituras Sagradas, é que passei a entender melhor a belíssima mensagem do Livro de Ruth. No entanto, antes de dar ênfase ao ensinamento do texto em epígrafe, sinto a necessidade de esclarecer alguns pontos do método judaico de interpretação das escrituras.
Resumidamente podemos classificar as regras judaicas de interpretação bíblica nesses níveis:

  1. PESHAT - é a interpretação literal;
  2. REMETZ - é o sentido indireto relacionado com a época, circunstâncias etc., porém submetido ao crivo do nível anterior, ou seja, do nível Peshat.
  3. DRASH -é o sentido aplicativo, as comparações, as correlações entre os textos, parábolas, etc. Do mesmo modo, tem que passar primeiro pelo crivo do nível Peshat.
  4. SOD - é o sentido misterioso, oculto. Envolve a gematria e da numerologia, dentro outros.
Essa metodologia de interpretação nasceu por volta do século III a. C., e é denominada de PARDES (acróstico das iniciais dos níveis acima expostos).

A importância de entendermos que existem esses níveis de interpretação e essa metodologia é fundamental, inclusive porque o apóstolo Paulo (Shaul Hashaliah) chamou a atenção da comunidade para que buscassem o estudo das escrituras com aprofundamento. Veja, então, o que ele diz no capítulo 3 do Livro de Coríntios:
E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.
Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais [...].
Nessa citação Paulo, faz menção a necessidade de aprofundamento nas coisas do Eterno. Aqui as atenções devem ser voltadas a espiritualidade. Essa espiritualidade deve ser almejada por todo aquele que Nêle crê. Porém, isso só se dá através do abandono das coisas mundanas, inclusive dos ensinamentos bíblicos rasos e das práticas espúrias à Torá.

A Carta aos Coríntios é uma carta voltada a um povo que carrega consigo o estigma de ter uma herança teológica baseada na mitologia grega. Portanto, é muito natural que Paulo, exorte a igreja de Corinto a abandonar as coisas mundanas. Podemos citar como exemplo dessa distorção teológica que atrai o homem ao mundo, a idolatria grega e o os erros de culto e adoração, as impurezas alimentares, a divinização dos astros, dos homem e das coisas, etc.

Engraçado perceber que milênios se passaram e o crente continua no nível mais raso de aprofundamento bíblico e ainda apegado as coisas mundanas, ao materialismo.
Se verificarmos na história da igreja veremos o quanto é difícil qualquer tentativa de dar aos fiéis uma maior intimidade com o Eterno através da Sua Palavra. A título de demonstração, pode=se dizer que, dentro do cristianismo católico, que só a partir do Concílio Vaticano II, ou seja, há pouco mais de 50 anos que a missa deixou de ser celebrada em latim para ser realizada na língua oficial de cada país.
Ora, o aprofundamento do crente nas Escrituras diminui o poderio da instituição sobre o membro da congregação. Lembre-se: a Verdade liberta. Me parece que tais instituições não querem ver os fiéis liberto, antes escravos dos dogmas religiosos e das doutrinas de homens.

Por isso e por outras coisas mais é que devemos estar atentos e buscarmos estudar as Escrituras com aprofundamento para, dessa maneira, atingir uma prática correta com os ritos ensinados pelo Eterno, pois, só assim estaremos realmente ligados a Ele de forma perfeita.

É por esse motivo que resolvi trazer à tona, em nível um pouco mais aprofundado das escrituras, o que quer dizer o texto do livro de Ruth.

A teologia dividiu, errôneamente, os livros da Bíblia entre os históricos e os proféticos. Mas, a história e a profecia não podem ser desmembradas. Ora, é claro que não! As Escrituras são Eternas e elas apontam para o passado e para o presente, bem como, falam para o futuro, sempre.

Voltando ao assunto, veja que Ruth era uma estrangeira. Se observarmos a derivação que vem do latim, a palavra "estrangeira" tem a mesma raiz da palavra "estranho" e tem o sentido de ser aquilo que é diferente, ou aquilo que é de um padrão divergente.

Ruth era, pois, uma estrangeira, viúva, uma moabita. sem filhos e muito pobre. As Escrituras deixam claro que não era permitida a união entre Israel e Moabe. Ela pertencia a um povo que foi amaldiçoado até a décima geração. E porque isso se deu? Se deu jutamente porque negaram pão e água. Para deixar complicar ainda mais as coisas, convidaram Balaão para pronunciar maldições contra o povo de Israel. Dessa forma foi que, Deus disse ao povo de Israel paraque não fizessem pacto com os moabitas. Nenhum tratado de amizade com eles, enquanto o povo de Israel vivessem.

Deus fez esse alerta, principalmente porque os moabitas eram idólatras, feiticeiros, invocavam demônios e, sobretudo, eram anti semitas, o que é a mesma coisa de dizer que eles eram contra o povo de Deus e consequentemente contra a promessa de Deus. Veja o que diz Deuteronômio 23:3 e seguintes:

Nenhum amonita nem moabita entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do Senhor eternamente.
Porquanto não saíram com pão e água, a receber-vos no caminho, quando saíeis do Egito; e porquanto alugaram contra ti a Balaão, filho de Beor, de Petor, de mesopotâmia, para te amaldiçoar.
Porém o Senhor teu Deus não quis ouvir Balaão; antes o Senhor teu Deus trocou em bênção a maldição; porquanto o Senhor teu Deus te amava.Não lhes procurarás nem paz nem bem em todos os teus dias para sempre.
Porém, a espreita de tudo que as Escrituras falam do povo moabita e da origem moabita de Ruth, o Senhor foi misericordioso e deu oportunidade para quebrar a maldição sobre a vida dela.
Muito provavelmente, o que fez diferença na vida de Ruth para que ela alcançasse a graça foi justamente o pronunciamento das palavras: "o teu povo será o meu povo, o teu Deus será o meu Deus".

O grande segredo ai está. Ela naquele instante, em outras palavras disse: É esse o povo de quem eu quero pertencer, é nessa aliança que eu quero seguir!

Daí ela se casa com um judeu nascido em Beit Lehem (Belém), um homem da tribo de Judah, chamado Boaz.
Esta história todos já conhecem, não é necessário discorrê-la. O que importa mesmo é o entendimento de como se deu o casamento de Ruth com Boaz.
Ela se casa, não nos padrões românticos e modernos como os atuais, com cerimonial, bufê, bebidas, etc., mas sim, num padrão que agradava a Deus. Na verdade ela não estava de olho no que ele possuía, na sua cevada ou no seu trigo. Ela se importou com o Deus dele e na aliança e fidelidade que ele guardava. A prova disso é que ela foi capaz de deixar tudo para acompanhar sua sogra, mulher totalmente desamparada no seu caminho de retorno (Teshuvah) a Terra Prometida.

Perceba que Boaz agiu muito fidedignamente com a Torá. Boaz aceitou resgatar a terra exercendo o levirato, que é a obrigação de um homem a casar-se com a viúva de seu irmão quando este não deixasse descendência masculina. O filho desse casamento era considerado do falecido.

Trazendo para os dias de hoje, o que se observa com o livro de Ruth é um acontecimento de um padrão que une gentios a judeus, se submetendo a mesma fé e ao mesmo Deus, vivendo em unidade e em amor. Esse é o padrão que o Eterno quer para a "noiva", a igreja.

Ruth aceitou o sacerdócio de Boaz e ele aceitou ser responsável por ela para honrar a Torá. A grande sacada de Ruth foi perceber que a única maneira, naquela época, de ascender ao Eterno era firmar-se na aliança com o Deus de Israel e com o seu povo.

É salutar ao crente entender essa passagem fazendo uma midrash (ligação) com o texto de Romanos 11:17 e seguintes:
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
Podemos dizer, seguramente, que os ramos quebrados são aqueles que estavam em Israel e não acreditaram no Mashiah Yeshua; e por outro lado, pela fé, alguns gentios foram enxertados.
Agora, uma pergunda fundamental: o que te mantém na oliveira? a única resposta é: a fé. A fé agregada a uma obediência, a uma fidelidade, lealdade. Seja isso para o judeu, seja para o gentio. Essa fidelidade é a tudo aquilo que a aliança nos exige, ou seja, a tudo aquilo que a Escritura nos aponta como mandamento, preceitos e ordenanças.

Será que Yeshua, falou sobre isso? Abra sua Bíblia no Evangelho de João, capítulo 14, versículo 21, que você verá:

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.

Outro ponto fundamental a entender é que, quando judeus e gentios aliados por um ponto comum que é a fidelidade (Emunah) o resultado é visto no aparecimento de frutos. Seguindo a história contada do livro de Ruth, vemos que quando ela (gentio) se uniu a Boaz (judeu) em fidelidade e obediência passaram a dar frutos: os filhos. Eles geraram Obed, Obed a Jessé, Jessé a Davi. Assim eles originaram a casa real e isso é profético, posto ser o nosso Mashiah Yeshua, advindo dessa linhagem, daquela união entre a gentia Ruth e o judeu Boaz.

Mas o importante é que judeus e gentios passem a viver em unidade e não em competição. Cada um respeitando o papel do outro. É a igreja em Jerusalém junto com a igreja espalhada pelas nações a gerar um corpo em Yeshua. Isso gerou uma dinastia que durará para toda a eternidade, o que no hebraico se denomina "leolam vaet".

Essa união que faz a "noiva" aquela que um dia há de estar prreparada em fidelidade para o "noivo", Yeshua e os dois se darão em casamento,

O mais importante dessa história, é que estamos às vésperas desse acontecimento e muito em breve estaremos junto ao noivo.

Baruch Hashem!



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MAIS PERTO QUERO ESTAR

Enquanto estava congregando entre os meus irmãos evangélicos, havia uma irmã que era quem puxava os louvores nos dias de oração. Ela costumava entoar os hinos da harpa cristã. Entre eles um me chamava a atenção, o de número 283, cujo título é "Mais Perto". A primeira estrofe diz assim:
"Mais perto quero estar, meu Deus de Ti,
Inda que seja a dor, que me una a Ti.
Sempre hei de suplicar, mais perto quero estar,
Mais perto quero estar, meu Deus de Ti!"
É um hino muito poderoso. Enfatiza uma entrega daquele que louva ao seu Senhor. Ele trata de uma aproximação a Deus de uma forma plena, ainda que haja dor, há um desejo de estar mais perto Dele.

Muitas vezes louvei esse hino junto com meus irmãos e hoje reconheço o poder que ele tem, pois sinto, verdadeiramente, esse desejo de intimidade com o Pai. Sei que Seu amor e cuidado tomam conta de minha vida.
Também, muitas foram as vezes que vi esse hino se materializar em minha vida, principalmente pelo feedback recebido. Contudo, hoje, em meio a minha jornada de teshuvá (retorno, arrependimento, restauração) é que mais forte sinto sua presença e entendo o significado deste hino.

Como estar mais perto de Deus, senão pela obediência à Sua Palavra, aos seus mandamentos, preceitos e estatutos?
Como entendê-lo e reconhecê-lo senão pelo estudo das Escrituras?

Ele está lá, seja na revelação de sua Torá (Lei), seja nos escritos ou em suas profecias. É lá que ele se revela e é através da obediência a Sua vontade que me santifico, que me separo das coisas desse mundo para gozar dos benefícios de Sua infinita misericórdia e graça revelada na Nova Aliança pelo sangue derramado pelo Seu amado filho Yeshua Hamashiah.

Agora meu canto é mais consciente e meu louvor faz sentido, posto que, mais perto estou Dele. Tentando obedecer e ouvi-lo aos poucos sinto crescer em mim a pureza e a força, a mansidão e a fé. o conhecimento e o amor, que originariamente surgem com Ele para que, obrigatoriamente, devolvamos não mais a Ele, mais ao próximo.

Portanto aproxime-se Dele, reflita sobre as coisas que te aproximam do Eterno e as que te afastam do propósito para o qual somos criado. Saiba medir o verdadeiro valor das coisas para entender e separar o que é divino do que é mundano, distinguir o que é vontade do Criador e o que são dogmas e doutrinas de homens.

A quem ouvir? a quem obedecer? Entenda de uma vez por todas o que João Batista dizia, conforme nos ensina o Livro de Mateus, capítulo 6.1-3:
"E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia,
E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,Endireitai as suas veredas."
As palavras do texto sagrado, exibidas acima,revelam aspectos fundamentais se entendidas conforme o contexto original.
O termo "Arrependei-vos" é o mesmo que os judeus estão acostumados a pronunciar como: "Teshuvá" e deve ser, principalmente, entendido como uma ordem de retorno ao Eterno. É voltar-se as coisas determinadas pelo Pai na sua Lei.

Perceba a conexão que existe entre a mensagem de teshuvá espalhada por João Batista e todo o combate que foi a vida de Yeshua, pois Ele alertava ao povo que fugisse das "falsas doutrinas". Melhor dizendo, das doutrinas criadas por homens, porque isso faz a pessoa afastar-se dos propósitos do Eterno.

Esse processo de Teshuvá, deve ser feito, prioritariamente, de forma lenta, do mesmo modo como alguém que degusta um bom vinho. Mesmo que o Eterno já tenha retirado as vendas de seus olhos, esse processo deve mesmo ser feito aos poucos. Primeiramente, estude para entender a Verdade e dessa forma possa rever conceitos bíblicos aprendidos anteriormente na sua caminhada de fé, mas que parecem estar em contradição. Porém, é mister entender que somente o estudo das Escrituras no contexto original, desraigado da teologia ocidental, cuja base são as doutrinas pagãs, é o único meio capaz de dar o entendimento correto da Bíblia.

Portanto, pergunte-se: o que me afasta da vontade do Pai? A quem devo obediência? a um mandamento de Deus ou a um dogma de minha religião?

Enfim, estude, pratique, entregue-se, arrependa-se. Retorne para estar em conformidade com a vontade do Altíssimo para um diz clamar mais conscientemente: "Mais perto quero estar meu Deus de Ti".

sábado, 4 de fevereiro de 2017

MELQUISEDEQUE


Melquisedeque é uma figura bastante misteriosa. Ele aparece, no texto bíblico, do nada, exatamente no momento em que o rei de Sodoma, no Vale de Savé, vem agradecer a Abraão pela vitória na batalha que livrou Ló e pela retomada dos despojos de Sodoma (Capítulo 14 de Gênesis, verso 18).

Vejamos:
"Malki-Tzedech, rei de Shalem, trouxe-lhe pão e vinho; Ele era kohen (sacerdote) de El "Elyon (Deus Altíssimo) e ele o abençoou com essas palavras: 
Bendito seja Avram por El 'Elyon (o Deus Altíssimo), criador do céu e da terra. E bendito seja El 'Elyon, que lhe entregou seus inimigos. Avram deu-lhe um décimo de tudo." (BJC).
Entender a figura de Melquisedeque é fundamental para a compreensão do chamado de Abraão. Há perguntas fundamentais sobre ele que temos que fazer:

a) Quem foi esse homem misterioso?
b) De onde ele veio?
c) De onde surgiu e que cidade é essa (Shalem)?
d) Como é que ele já era sacerdote e ao mesmo tempo rei?
e) Como é que ele já era sacerdote se o sacerdócio só passou a existir durante o Êxodo com a tribo de Levi?

Há várias vertentes de estudiosos que dão respostas a essas perguntas de formas diferentes. Contudo, é no contexto judaico de explicação das escrituras que vamos entender melhor.

O Salmo 110 trás uma referência do rei Davi em relação a essa figura misteriosa, Melquisedeque,:
"Disse o YHWH ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade.Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”.
O Salmo 110 é um salmo messiânico, ou seja, remete ao messias, nosso Yeshua. Veja que esse "Senhor" de Davi, está submisso a outro Senhor, a Adonay.
Ele tem uma posição de honra junto a Deus. Está assentado a Sua direita.

Adonay confirma o sacerdócio eterno deste que a Ele está submisso. Daí somos obrigados a seguir o entendimento de que tal sacerdócio eterno não pode advir do sacerdócio levítico, porque o sacerdócio levítico depende, primeiramente da existência de Arão e da tribo de Levi, e o sacerdócio eterno vai muito além do tempo, existindo desde sempre e para sempre.

Esse sacerdócio dito como da Ordem de Melquisedeque é infinitamente superior ao sacerdócio levítico.

Zandona* explica que Melquisedeque seria o último representante da ordem de sacerdotes que inicia em Set, filho de Adão.

Deus teria guardado a linhagem de Set para o sacerdócio, isto é, eles eram sacerdotes para o mundo. Assim, os filhos de Set eram sacerdotes não só para um povo, mas para todo o mundo e sua missão era levar a lei de Deus para os povos. Eles, os descendentes de Set, foram chamados de "Filhos de Deus" (Gênesis 6). Eles se corromperam diante do aspecto sexual se misturando com os "Filhos do Homens", mas deste assunto cuidamos em outro estudo.

Há um fato curioso que temos que explanar. Em Gênesis 26. 4, Deus, falando para Isaque, reafirma a aliança que fez com seu pai, Abraão e diz:
"E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis". (ACRF).
Note a referência aos mandamentos, preceitos, estatutos e leis.
Fato curioso é que as leis só seriam dadas ao povo de Israel alguns anos depois.

Você pode estar se perguntando: mas como é isso?

Veja também o caso de Noé. Na preparação para enfrentamento do dilúvio ele separa os animais entre puros e impuros. Como ele sabia isso se a Torá ainda não havia sido revelada?

A resposta só pode ser uma. Isso se dá, justamente por ser ele um descendente de Set, cuja linhagem, como dissemos antes, era sacerdotal. Eles foram os responsáveis por ensinar os mandamentos, estatutos, preceitos, enfim, a Torá ao mundo e isso se deu muito antes de a Torá (a lei) ser entregue ao povo de Israel.

Alerte para o fato de que a Torá sempre existiu. Mesmo no Éden, ela estava materializada como uma árvore: a Árvore da Vida". 
Salomão, conforme ensina o Livro de Provérbios 3:18, é quem traz luz a esta afirmação, quando em referência a Torá do Eterno, ele diz: 
"É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm".
Zandona faz um alerta ao entendimento dessa passagem perguntando: "Você acha que Deus deixou o mundo a deriva até o chamamento de Abraão?

Não!". Ele, afirma e tem razão.

O autor citado acima ainda ensina que, Malki-Tzedeck não era um nome, mas um título: Rei de Justiça. Ele habitava em Shalem e isto é uma referência a Yerushalaim (Jerusalém).

Alguns rabinos dizem que este Melquisedeque, rei de Salém era Shem, o filho de Noé e verdadeiramente a época que viveu Shem bate com a de Abraão. Não dá para afirmar que é uma verdade, mas que é algo a se levar em profunda consideração.

Voltando um pouco para o relato de Gênesis 14, vemos que Melquisedeque traz consigo algo fundamental para aqueles que verdadeiramente creêm ser Yeshua, o Mashiah (o Cristo).

Melquisedeque nesse encontro com Abraão, trás consigo pão e vinho. Este gesto tem uma significância muito grande e guarda uma relação muito particular com o gesto feito por Yeshua na instituição da Santa Ceia.

Este mesmo gesto cerimonial que envolve pão e vinho ajuda a explicar como devemos entender o porque que Davi, no Salmo acima mencionado, faz revelação de ser o Senhor dele da ordem de Melquisedeque.

Zandona, ainda afirma que, essa cerimônia é o que os judeus chamam hoje de kidush. Ela é feita para dar as boas vindas a alguém que está adentrando em algo. Apenas a título de curiosidade é bom esclarecer que, também Jetro, sogro de Moisés, sacerdote de Midiã, celebrou o kidush com os anciãos no momento de sua conversão ao Deus de Israel.

Voltando a Melquisedeque, temos que, no momento em que Abraão recebe de Melquisedeque e com ele come cerimonialmente o pão e bebe o vinho, ali fica referendado que Abraão adentrara na ordem daquele sacerdote. Também ficaria ali instituído que o povo de Abraão legaria a mesma missão, ou seja, de ser povo santo e naçãao sacerdotal para ensinar as nações do mundo todo a Torá do Eterno.

A contrapartida de Abraão também traz algo interessante, posto que ele resolve dar o dízimo de tudo o que conquistou para Melquisedeque e assim, conforme a ordem hierárquica das coisas do Eterno o menor dá o dízimo ao maior e o maior abençoa o menor.

Por tudo isso é que temos que estar cientes do quanto o povo de Israel é importante para nós. Devemos nos achegar a eles, orar por Israel e pela paz em Jerusalém. Devemos estar cientes do nosso papel enquanto enxertados a oliveira que é Israel e que compartilhamos com o seu povo não só das promessas, mas das obrigações e da obediência a Lei do Eterno. Ao mesmo tempo devemos estar cientes e submissos a Palavra de Deus no tocante a esta questão, que de forma brilhante foi explicada por Paulo na sua Carta aos Romanos, capítulo 11.17-21: 
"E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira. Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também".
Mas, modéstia a parte, a beleza maior de toda nossa exposição é saber que, aquele a quem Adonay entregou todas as coisas, a quem ungiu para redimir a Israel e a humanidade é também chamado nas escrituras de "sacerdote", e por isso mesmo está submisso a vontade do Pai, respeitando as Suas Alianças, promessas e cumprindo sua Lei. Ele é o judeu Yeshua Hamashiah, (Jesus, o Messias) o Filho de Deus". Porém ele não é sacerdote segundo a ordem levítica, mas segundo a ordem de Melquisedeque, isto é, Seu sacerdócio é "Eterno", não sendo apenas sacerdote para uma nação, mas para todas as nações.

Se avançarmos um pouco na história, veremos que aqueles que estavam com Yeshua no momento da ceia, íntimos da Torá, como todo bom judeu, já entendiam de cara o que significava aquele ato de comer o pão e tomar o vinho. Eles sabiam que ali estavam eles também adentrando no sacerdócio eterno instituído pelo Pai. Por isso vemos na passagem do livro de Hebreus, no capítulo 9:11-12, o seguinte:
"Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção".
Apenas o Sumo sacerdote poderia adentrar no Santo dos Santos e Yeshua é este que adentra em nossos corações para nos redimir e levar-nos aos braços do Pai para junto com Ele descansarmos e saborearmos a Shalom Eterna. Ele, que como judeu veio a esta Terra, é sacerdote não só para uma nação, mas por causa da ordem a que pertence, é sacerdote para todas as nações. 

Por todo o exposto, não esqueça, pelo nosso Mashiah Yeshua, Israel é tida como nação sacerdotal, ou seja, está ela incumbida de levar à humanidade os ensinamentos do Deus Altíssimo, revelados na Sua Torá. É Ele que nos transforma, por isso Ele é o verbo, Ele é a Torá santa do Eterno, por isso mesmo Ele (Yeshua) e Ela (a Torá) estão em pleno vigor e sua eficácia se estende por toda a eternidade.






(*) Para maior aprofundamento no tema sugiro que visite a página: http://ensinandodesiao.org.br/videos/






segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A SEITA DO CAMINHO

Nestes tempos de confusão, de tudo aparece. Um dia desses, um líder religioso foi esfaqueado e tudo "visto" pela TV em tempo real. Instantes depois ele afirma que o sangue de sua camisa está curando pessoas e que necessita de oito milhões de reais para manter seu programa de TV. 

Fico eu aqui com os meus botões a matutar: o que será que acontece com os padrões religiosos dos líderes das maiores igrejas do nosso país?

Passados alguns dias do acontecido, outro desses ditos “pastores” em seu programa de TV, movido pela comoção da tragédia contra aquele primeiro pastor,vai a público dizer "que ninguém se meta a besta com ele porque seus seguranças estão prontos para tudo, inclusive matar".

Que horrendo! Novamente, na solidão de meus pensamentos, fico a me perguntar: onde mora a última fagulha de cristianismo no coração desses homens? Onde dorme sua fé? No que se baseiam seus valores? Quais os fundamentos da sua prática?

Se viajarmos um pouco na história da congregação nazarena, aquela mesmo que pedagogicamente e a gotejamento, ensinaram-nos a chamá-la de “igreja primitiva”, ou seja, a igreja descrita em Atos, vemos muitas divergências no comportamento ético e moral destas em relação às de hoje em dia.

Para início de conversa é bom esclarecer que, a congregação nazarena, foi aquela composta pelos apóstolos (emissários) de Yeshua, escolhida por Ele e por Ele discipulada. Ela é a mesma a quem, Ele, outorgou o Espírito Santo para realizar maravilhas.

Era um ajuntamento de judeus (todos eles sem exceção) crentes em Yeshua e no Seu testemunho, que baseados nos ensinamentos por Ele proferidos, passaram a divulgar Seus ensinamentos e a praticar o judaísmo conforme as determinações de seu mestre. 

Diz a Palavra que isso se deu primeiro aos Judeus e depois para os gentios.

Nos primeiros capítulos do livro de Atos, percebe-se essa crescente no número de judeus crentes no testemunho do Mashiah e só depois a inclusão dos gentios nesta mesma congregação.

Em Atos 1:15 o grupo dos crentes era composto de cento e vinte pessoas. Dez vezes mais do que a formação original escolhida pelo Mashiah.

Foi justamente durante a festa de Shavuot que o Espírito Santo se manifestou e muitos, de nações diversas ficaram maravilhados em ouvir os crentes descritos acima, falando cada um conforme a língua a quem a Palavra era dirigida. Estes que viram o que foi realizado pela Ruah Hakodesh (Espírito Santo) naquele dia acrescentaram a igreja cerca de três mil pessoas (Atos 2:41).

Categoricamente, podemos afirmar que a igreja gerada no Ungido é originalmente composta apenas de judeus. 

Na passagem de Atos 6:1-4, vemos essa composição. Fala-se nessa passagem nos judeus de língua hebraica e nos judeus de língua grega.

O leitor pode estar pensando: ora, esses de língua grega são os gregos? 

Para dar melhor entendimento, passemos, então ao significado do que vem a ser nação. 
Assim, é bom salientar que, nação não se confunde com Estado. Nação pode ser definida como um ajuntamento de pessoas ou povo unido por traços culturais, valores etc., e/ou traços sanguíneos sem, necessariamente, situar-se em território próprio. Estado é diferente, há população, que pode ser de nações diversas e território próprio.

Feito esse esclarecimento podemos dizer que, os judeus de língua grega são pessoas que continuavam unidos a fé israelita (judaica) mas cidadãos da Grécia, muito embora o idioma grego fosse também falado entre os judeus moradores em Israel, mas representantes da elite, como é o caso de Shaul (Paulo, o apóstolo).

A junção dos judeus messiânicos (nazarenos) seja de língua hebraica, seja de língua grega  e dos demais gentios convertidos ao testemunho de Yeshua se dá depois que Kefa (Pedro) recebe uma visão e vai ao encontro de Cornélio, um oficial do governo romano, praticante da Torá, pois era temente ao Eterno. 
Naquela ocasião, Kefa (Pedro), movido pela revelação dada pelo Espírito Santo, estende o braço do judaísmo messiânico de Yeshua aos gentios.

Notem que não foram os judeus messiânicos que se converteram a fé gentílica, mas que os gentios convertidos ao Testemunho judaico de Yeshua, é que foram acrescentados à congregação original.

Mais tarde, os concílios foram afastando o povo da fé praticada conforme vemos em Atos. 
A história da igreja conta como os dogmas romanos dividiram a igreja e abruptamente separou-a das práticas levíticas. Aos poucos o poderio romano foi afastando a igreja dos judeus messiânicos e levando consigo cativa a igreja gentílica.
O ódio aos judeus e suas práticas foi disseminado, pois os judeus praticantes e estudiosos da Torá e dos profetas jamais se renderiam aos dogmas impostos pelo poderio romano que indicavam a aceitação de práticas pagãs completamente divergentes das Escrituras.

Esse ódio é ainda irradiado por todo o mundo. Passado décadas da Segunda Guerra Mundial e todo o malefício causado pelo holocausto, infelizmente, não foi suficiente para acabar com esse ranço contra os judeus. Ao contrário, é muito fácil perceber a naturalidade com que a igreja cristã moderna continua praticando e espalhando o antissemitismo através de sua teologia cuja base continua atrelada aos dogmas pagãos.

Um exemplo dessa pratica nefasta ocorre quando sabemos que a igreja mergulhou de cabeça na Teologia da Substituição. Através dela ensinou-se o ódio contra Israel e seu povo e deu-se o entendimento de que as profecias reveladas em prol de Israel passaram ao domínio da igreja, que passou a ser (erroneamente) a “Israel de Deus”.

Retornando aos dias atuais, vemos que, na verdade pouca coisa em comum tem a igreja original messsiânica (cristã) com a atual. Aos poucos fomos forçados a aceitar os dogmas do cristianismo e a abandonar os mandamentos, estatutos e ordenanças do Eterno. Hoje, estamos afastados do Caminho, da Verdade e da Vida. Buscamos a "igreja" e perdemos a revelação verdadeira, o Deus único.


Infelizmente, fomos afastados da fé original, da congregação nazarena, aquela mesma que foi chamada um dia da “Seita do Caminho” (Atos 24:14). 

Aqui eu paro para explicar um ponto crucial, “seita” no sentido etimológico da palavra, origina-se do do latim “secta” que quer dizer “seguidor". Por isso chamou-se assim aos seguidores do Caminho ensinado por Yeshua. Diferentemente do uso pejorativo dado a palavra "seita" nos dias de hoje. Essa forma origina-se da mesma palavra grega que "heresia", ou seja, origina-se de "háiresis".
Nesta última definição é que mais facilmente podemos identificar a igreja moderna, vendida na TV. Ela é deles, os falsos profetas.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

NA SOLIDÃO DA CRIAÇÃO

Há pequenas coisas da vida que mexem com nosso íntimo de forma avassaladora. Repentinamente vemos nosso pensamento sequestrado a um cativeiro tão profundo e ao mesmo tempo tão distante, guardado lá nos longínquos recantos da nossa mente.

Acabei de assistir ao filme "O Mestre dos Gênios" e recomendo aos meus mais íntimos amigos e parentes, sobretudo àqueles que ao menos vez por outra se enveredam na arte de criar, desde pequenos rabiscos, posts, crônicas, livros ou poemas.  Cito este recurso literário por último porque reputo como o mais importante devido ao exigido uso pelo poeta de ir além da razão para atingir o âmago de seus mais profundos sentimentos, transformando pequenas palavras em verdadeiras pérolas de felicidade ou de angústia a depender do momento de paixão ou de esmorecimento do criador.
No filme ocorre aquela disputa rotineira entre o escritor e o editor, onde o primeiro tem que, por muitas vezes, abrir mão de frases, metáforas, adjetivos, importantíssimos, mas que tem que ser enxugados para que a obra possa ser melhor apreciada ou vendida. Coisas que só o editor pode enxergar. Aspectos diferentes entre eles, que para um são muito difíceis de se desapegar e que para o outro são cortes oportunamente necessários.

Quem já não passou por isso com seu orientador de pós graduação? Pequenos parágrafos que enxergamos como algo valiosíssimo para nosso trabalho, mas que às vistas do orientador não encontra qualquer objetividade ou mesmo conexão com o que se propõe nos objetivos.

Voltando ao filme, de repente e numa passagem uma pergunta fundamental: será que a obra ficaria melhor no original escrito pela primeira vez, sem os cortes? Ou será que a obra só foi vendida pelos cortes da editora?

Quem sabe? essa é a melhor resposta, muita embora venha travestida de pergunta.

Assim, depois de ter "desperdiçado" meu tempo com o filme, viajei em meus pensamentos até os instantes da criação narrada em Gênesis (Bereshit - Em um princípio).

Durante aquele instante de criação, Deus (Elohim) estava lá, na solidão de Seus pensamentos. Com a Sua lógica e com todo o Seu coração, indo além da nossa lógica para nos abençoar com Seu amor.

Cada passo, cada instante, todo o esforço, toda paixão estão ali, só Ele, Sua Palavra, força e vontade. Resumo assim:

Seu mover, nosso prazer
Seu querer, o meu encanto.
Sua vontade, meu viver
Seu suor, o meu descanso.

Na minha escuridão, Sua luz
Na minha sede, o Teu frescor
No Teu solo, meu clamor
Nos Teus sinais, o meu tempo
Na tua criação, meu alimento
Na Tua semelhança, a minha imagem
Na minha dor, o Teu sofrimento.


Obrigado Senhor!
Shabat Shalom




terça-feira, 3 de janeiro de 2017

AS FESTAS E A CONTAGEM DO TEMPO

Pode parecer difícil o que vamos expor nesse momento, mas é de suma importância para todo aquele que Nele crê levar em consideração as palavras que seguem.

Talvez o leitor fique muito chateado com a dureza das palavras que servirão para o nosso raciocínio, porém, tudo vai depender do grau de confiança na Palavra de Deus que cada um possui individualmente.  Dessa maneira, podemos relacionar e classificar as pessoas da seguinte forma:

a) Os que não acreditam na Bíblia - para esses o meu conselho é o de que não percam tempo na leitura do que aqui se argumenta. Passe batido, chispe, porque isso aqui não é direcionado a você.
b) Os que acreditam na Bíblia por completo - para esses sim, pode fazer algum sentido.
c) Os que acreditam apenas no "Velho Testamento"  - Melhor do que perder tudo porque ainda dá tempo de aproveitar mais da Palavra.
d) Os que acreditam apenas no Novo Testamento - Acorda irmão!
e) Os que acreditam em algumas partes do Velho e do Novo e discorda de outras - Rsrs, para esses só é bom aquilo que não os atinge. Para esse grupo essa mensagem será perfeita. Creio que aqui se enquadra a grande maioria dos crentes, sejam católicos, evangélicos ou de outras denominações.

Estando feita essa divisão primária, seguiremos com o propósito do título acima: As festas e a contagem do tempo.


Você já deve ter percebido que no nosso cotidiano temos a prática de associarmos o nosso calendário a algumas festas. É muito comum dizer que o ano, no Brasil, começa depois do carnaval. No Nordeste o calendário é mais ou menos seguido da seguinte maneira: Ano Novo, Reis, Carnaval, Páscoa, São João, Sábado de Santana, Padroeira(s), Natal.


Assim, é fácil identificar que nossa cultura faz correlação de festas com o calendário. O tempo é seguido levando em consideração essas festividades. Mas, de onde vem esse costume? ou melhor, por que fazemos dessa forma? a quem obedecemos? Essa é uma longa história que para os crentes no Criador começa assim:


O capítulo 23 do livro de Levítico, esboça cada uma das 7 (sete) festas instituidas pelo Eterno e seu cumprimento. Elas podem ser divididas da seguinte maneira:

I - Festas da Primavera - Páscoa (Pesach), Pães Ázimos (Matzot), Primícias (HaBikurim), Semanas, Colheita ou Pentecostes (Shavuot);

II - Festas de Outono - Trombetas (Rosh Hashaná), Dia da Expiação (Yom Kipur), Tabernáculos (Sucot).



Talvez nada disso seja novidade para você, contudo, para outros pode ser proveitoso saber que o Mashiah Yeshua (o messias Jesus) é o cumprimento das Festas do Senhor para Israel. Ele é o propósito final da existência de cada uma delas. "Porque o fim da Lei é Cristo, para justificação de todo o que crê."(Romanos 10:4).

Entenda que o termo "fim" do versículo acima deve ser entendido no sentido de finalidade e não no de término. Outro versículo fundamental para o entendimento perfeito do propósito das festas bíblicas é o que informa o versículo 17 de Colossenses 2: "Tudo isso (Festas, Dia de Sábado...) tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo (lit.: "substância") é do Messias".


Perceba que, as Festas da Primavera tratam da redenção realizada e conseguida na primeira vinda do Messias, quando Ele se tornou no "Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" - João 1:19 - e quando, através da Sua ressurreição, Ele Se tornou nas "primícias dos que dormem" - 1 Coríntios 15:20; e que as Festas de Outono apontam para um tempo de plenitude, ou seja, algo que se completa, revelando assim um quadro profético do plano redentor de Adonai a plenificar-se muito em breve.


Se você, crente, entende que sua religião é a religião perfeita, saiba que biblicamente se a profissão de fé da religião que você pratica deixar de lado o cumprimento, estudo e entendimento das festas bíblicas determinadas pelo Eterno como ordenamento perpétuo, ela está completamente enveredando por caminhos obscuros e desconhecidos do Criador. Acorde! Pois, no Livro de Apocalipse há um momento maravilhoso em que a Igreja se encontra com o Messias de Israel, justamente na Festa de Tabernáculos. Zacarias profetizou que as nações serão um dia "recolhidas"ao Messias. Um dia, todas as nações sobreviventes que atacaram Israel irão honrar o Rei dos reis, o Messias de Israel, ao celebrarem a Festa dos Tabernáculos todos os anos em Jerusalém - Zacarias 14:16-18.


Veja, as festas estarão ainda por acontecer durante o Milênio em que Yeshua reinará junto com seu povo, na sua terra, na cidade sagrada de Jerusalém. Por isso você tem que entender o quão fundamental é Israel para os planos do Eterno. Seu filho virá aqui para reinar junto com os seus e celebrar suas festas. Mas, ainda devo fazer mais uma pergunta: que povo ainda guarda essas festas como sagradas? Sim, amada irmãos, os judeus. Esse povo contra quem fomos ensinados a odiá-los. Esse povo cujas práticas tornam plenas a Palavra de Deus pela obediência.


Ao longo do tempo, fomos ensinados a abandonar as práticas de fé judaicas e substituí-las por outras práticas estranhas as Escrituras.


Por este motivo, foi que fiz aquela classificação inicial dos tipos de pessoas e sua relação com a Bíblia. Se você é um crente, seja lá qual for a instituição a que está ligado, e entende que as Festas do Eterno são coisas ultrapassadas e apenas para judeus, infelizmente está bebendo de fontes cujas águas estão impuras e jamais serão capazes de saciar sua sede.


Voltemos ao tema das festas e a contagem do tempo. No livro de Daniel, capítulo 7:25, há uma profecia que já se cumpriu e como guarda relação com o que estamos abordando, vale a pena apresentar:

"Esse reino diferente falará contra ‘Illãyâ, o Supremo, oprimirá os seus santos e tentará alterar o calendário, as festas religiosas e as leis. Então, os santos serão entregues nas mãos dele por um iddân,tempo, dois tempos e metade de um tempo". (Bíblia King James).

Conforme descrito na profecia acima, o calendário foi alterado várias vezes pelos homens. É óbvio que cada cultura guarda uma forma diferente de contagem do tempo. Porém, biblicamente falando, o Eterno ensinou ao homem a sua forma de contar o tempo. Os povos semitas aprenderam a guardar o tempo conforme as orientações contida no Livro de Levítico 23. Podemos afirmar, com toda certeza, que os tempos eram guardados conforme um calendário lunissolar, ou seja, que baseia-se o no mês lunar, mas procura fazer concordar o ano lunar com o solar. O mês é determinado em função da revolução sinódica da lua, fazendo começar o ano com o início da lunação.

Podemos citar as mudanças mais importantes do calendário as seguintes:

1. O calendário juliano - entrou em vigor no ano 46 a.C. Tornou o calendário romano em solar, que antes possuía 304 dias. Júlio César, percebendo que as festas romanas marcadas para março (que era então o primeiro mês do ano), estavam a ocorrer em pleno Inverno, também pela falta da introdução de meses intercalares nos últimos 10 anos, preparou uma profunda reforma do calendário, seguindo de forma prática o modelo do calendário egípcio. Vem daí o ano bissexto. Em 44 a.C., poucos meses depois da morte de Júlio César o Senado romano mudou o nome do mês Quintilis para Julius (mês de 31 dias), em sua homenagem, por ser o mês em que tinha nascido. Esteve em vigor até à reforma executada pelo Sumo Pontífice Gregório XIII , em 4 de outubro de 1582 (Wikipedia).


2. O calendário gregoriano - Foi promulgado pelo Papa Gregório XIII (1502–1585) em 24 de Fevereiro de 1582 pela bula Inter gravissimas em substituição ao calendário juliano. Como convenção e por praticidade, o calendário gregoriano é adotado para demarcar o ano civil no mundo inteiro, facilitando o relacionamento entre as nações. Essa unificação decorre do fato de a Europa ter, historicamente, exportado seus padrões para o resto do globo. A não observância ainda punia o infrator a pena de excomunhão latae sententiae e a outras "tristezas". Foram omitidos dez dias do calendário juliano, deixando de existir os dias de 5 a 14 de outubro de 1582. A bula ditava que o dia imediato à quinta-feira, 4 de outubro, fosse sexta-feira, 15 de outubro. Os anos seculares só são considerados bissextos se forem divisíveis por 400. Desta forma a diferença (atraso) de três dias em cada quatrocentos anos observada no calendário juliano desaparecem. Corrigiu-se a medição do ano solar, o ano gregoriano dura em média 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos, ou seja, 27 segundos a mais do que o ano trópico. É o calendário em vigor.


Várias são as críticas ao calendário gregoriano. Vou citar a que denoto mais importante, que é a da mobilidade da data da Páscoa, que oscila entre 22 de março e 25 de abril, perturbando a duração dos trimestres escolares e de numerosas outras atividades econômicas e sociais.

Esse problema tem causado um dos maiores erros para a "igreja" sob o ponto de vista espiritual. A mobilidade da data da celebração pascal tem sido entendida como mais uma atividade antissemita, cuja intenção é afastar as práticas judaicas (e porque não dizer bíblicas) dos crentes.

Hodiernamente, a igreja cristã, praticamente abandonou o culto as festas bíblicas. Existem apenas resquícios de sua prática e defesa por apenas umas pequenas instituições.

Acredito, que para que se dê a volta do Messias, as coisas terão, obrigatoriamente que serem restauradas a sua origem. As festas e a contagem dos tempos, sem dúvida nenhuma, estão dentro do propósito do que dispõe o livro de Atos 3:21:

"É necessário que Jesus permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, conforme já decretou há muito tempo, por intermédio dos seus santos profetas".

Visto estas coisas, cabe ao crente, saber se pretende obedecer ao calendário instituído pelo Eterno, celebrar suas festas para ir tendo intimidade com o Messias de Israel, ou permanecer fiel ao ideal da Teologia da Substituição, seus desmandos e enganos, que tem levado a "igreja" aos braços do paganismo. Contudo, lembre-se: a escolha é sua!