terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MAIS PERTO QUERO ESTAR

Enquanto estava congregando entre os meus irmãos evangélicos, havia uma irmã que era quem puxava os louvores nos dias de oração. Ela costumava entoar os hinos da harpa cristã. Entre eles um me chamava a atenção, o de número 283, cujo título é "Mais Perto". A primeira estrofe diz assim:
"Mais perto quero estar, meu Deus de Ti,
Inda que seja a dor, que me una a Ti.
Sempre hei de suplicar, mais perto quero estar,
Mais perto quero estar, meu Deus de Ti!"
É um hino muito poderoso. Enfatiza uma entrega daquele que louva ao seu Senhor. Ele trata de uma aproximação a Deus de uma forma plena, ainda que haja dor, há um desejo de estar mais perto Dele.

Muitas vezes louvei esse hino junto com meus irmãos e hoje reconheço o poder que ele tem, pois sinto, verdadeiramente, esse desejo de intimidade com o Pai. Sei que Seu amor e cuidado tomam conta de minha vida.
Também, muitas foram as vezes que vi esse hino se materializar em minha vida, principalmente pelo feedback recebido. Contudo, hoje, em meio a minha jornada de teshuvá (retorno, arrependimento, restauração) é que mais forte sinto sua presença e entendo o significado deste hino.

Como estar mais perto de Deus, senão pela obediência à Sua Palavra, aos seus mandamentos, preceitos e estatutos?
Como entendê-lo e reconhecê-lo senão pelo estudo das Escrituras?

Ele está lá, seja na revelação de sua Torá (Lei), seja nos escritos ou em suas profecias. É lá que ele se revela e é através da obediência a Sua vontade que me santifico, que me separo das coisas desse mundo para gozar dos benefícios de Sua infinita misericórdia e graça revelada na Nova Aliança pelo sangue derramado pelo Seu amado filho Yeshua Hamashiah.

Agora meu canto é mais consciente e meu louvor faz sentido, posto que, mais perto estou Dele. Tentando obedecer e ouvi-lo aos poucos sinto crescer em mim a pureza e a força, a mansidão e a fé. o conhecimento e o amor, que originariamente surgem com Ele para que, obrigatoriamente, devolvamos não mais a Ele, mais ao próximo.

Portanto aproxime-se Dele, reflita sobre as coisas que te aproximam do Eterno e as que te afastam do propósito para o qual somos criado. Saiba medir o verdadeiro valor das coisas para entender e separar o que é divino do que é mundano, distinguir o que é vontade do Criador e o que são dogmas e doutrinas de homens.

A quem ouvir? a quem obedecer? Entenda de uma vez por todas o que João Batista dizia, conforme nos ensina o Livro de Mateus, capítulo 6.1-3:
"E, naqueles dias, apareceu João o Batista pregando no deserto da Judéia,
E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse:Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,Endireitai as suas veredas."
As palavras do texto sagrado, exibidas acima,revelam aspectos fundamentais se entendidas conforme o contexto original.
O termo "Arrependei-vos" é o mesmo que os judeus estão acostumados a pronunciar como: "Teshuvá" e deve ser, principalmente, entendido como uma ordem de retorno ao Eterno. É voltar-se as coisas determinadas pelo Pai na sua Lei.

Perceba a conexão que existe entre a mensagem de teshuvá espalhada por João Batista e todo o combate que foi a vida de Yeshua, pois Ele alertava ao povo que fugisse das "falsas doutrinas". Melhor dizendo, das doutrinas criadas por homens, porque isso faz a pessoa afastar-se dos propósitos do Eterno.

Esse processo de Teshuvá, deve ser feito, prioritariamente, de forma lenta, do mesmo modo como alguém que degusta um bom vinho. Mesmo que o Eterno já tenha retirado as vendas de seus olhos, esse processo deve mesmo ser feito aos poucos. Primeiramente, estude para entender a Verdade e dessa forma possa rever conceitos bíblicos aprendidos anteriormente na sua caminhada de fé, mas que parecem estar em contradição. Porém, é mister entender que somente o estudo das Escrituras no contexto original, desraigado da teologia ocidental, cuja base são as doutrinas pagãs, é o único meio capaz de dar o entendimento correto da Bíblia.

Portanto, pergunte-se: o que me afasta da vontade do Pai? A quem devo obediência? a um mandamento de Deus ou a um dogma de minha religião?

Enfim, estude, pratique, entregue-se, arrependa-se. Retorne para estar em conformidade com a vontade do Altíssimo para um diz clamar mais conscientemente: "Mais perto quero estar meu Deus de Ti".

sábado, 4 de fevereiro de 2017

MELQUISEDEQUE


Melquisedeque é uma figura bastante misteriosa. Ele aparece, no texto bíblico, do nada, exatamente no momento em que o rei de Sodoma, no Vale de Savé, vem agradecer a Abraão pela vitória na batalha que livrou Ló e pela retomada dos despojos de Sodoma (Capítulo 14 de Gênesis, verso 18).

Vejamos:
"Malki-Tzedech, rei de Shalem, trouxe-lhe pão e vinho; Ele era kohen (sacerdote) de El "Elyon (Deus Altíssimo) e ele o abençoou com essas palavras: 
Bendito seja Avram por El 'Elyon (o Deus Altíssimo), criador do céu e da terra. E bendito seja El 'Elyon, que lhe entregou seus inimigos. Avram deu-lhe um décimo de tudo." (BJC).
Entender a figura de Melquisedeque é fundamental para a compreensão do chamado de Abraão. Há perguntas fundamentais sobre ele que temos que fazer:

a) Quem foi esse homem misterioso?
b) De onde ele veio?
c) De onde surgiu e que cidade é essa (Shalem)?
d) Como é que ele já era sacerdote e ao mesmo tempo rei?
e) Como é que ele já era sacerdote se o sacerdócio só passou a existir durante o Êxodo com a tribo de Levi?

Há várias vertentes de estudiosos que dão respostas a essas perguntas de formas diferentes. Contudo, é no contexto judaico de explicação das escrituras que vamos entender melhor.

O Salmo 110 trás uma referência do rei Davi em relação a essa figura misteriosa, Melquisedeque,:
"Disse o YHWH ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés. O Senhor enviará o cetro da tua fortaleza desde Sião, dizendo: Domina no meio dos teus inimigos.O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder; nos ornamentos de santidade, desde a madre da alva, tu tens o orvalho da tua mocidade.Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”.
O Salmo 110 é um salmo messiânico, ou seja, remete ao messias, nosso Yeshua. Veja que esse "Senhor" de Davi, está submisso a outro Senhor, a Adonay.
Ele tem uma posição de honra junto a Deus. Está assentado a Sua direita.

Adonay confirma o sacerdócio eterno deste que a Ele está submisso. Daí somos obrigados a seguir o entendimento de que tal sacerdócio eterno não pode advir do sacerdócio levítico, porque o sacerdócio levítico depende, primeiramente da existência de Arão e da tribo de Levi, e o sacerdócio eterno vai muito além do tempo, existindo desde sempre e para sempre.

Esse sacerdócio dito como da Ordem de Melquisedeque é infinitamente superior ao sacerdócio levítico.

Zandona* explica que Melquisedeque seria o último representante da ordem de sacerdotes que inicia em Set, filho de Adão.

Deus teria guardado a linhagem de Set para o sacerdócio, isto é, eles eram sacerdotes para o mundo. Assim, os filhos de Set eram sacerdotes não só para um povo, mas para todo o mundo e sua missão era levar a lei de Deus para os povos. Eles, os descendentes de Set, foram chamados de "Filhos de Deus" (Gênesis 6). Eles se corromperam diante do aspecto sexual se misturando com os "Filhos do Homens", mas deste assunto cuidamos em outro estudo.

Há um fato curioso que temos que explanar. Em Gênesis 26. 4, Deus, falando para Isaque, reafirma a aliança que fez com seu pai, Abraão e diz:
"E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis". (ACRF).
Note a referência aos mandamentos, preceitos, estatutos e leis.
Fato curioso é que as leis só seriam dadas ao povo de Israel alguns anos depois.

Você pode estar se perguntando: mas como é isso?

Veja também o caso de Noé. Na preparação para enfrentamento do dilúvio ele separa os animais entre puros e impuros. Como ele sabia isso se a Torá ainda não havia sido revelada?

A resposta só pode ser uma. Isso se dá, justamente por ser ele um descendente de Set, cuja linhagem, como dissemos antes, era sacerdotal. Eles foram os responsáveis por ensinar os mandamentos, estatutos, preceitos, enfim, a Torá ao mundo e isso se deu muito antes de a Torá (a lei) ser entregue ao povo de Israel.

Alerte para o fato de que a Torá sempre existiu. Mesmo no Éden, ela estava materializada como uma árvore: a Árvore da Vida". 
Salomão, conforme ensina o Livro de Provérbios 3:18, é quem traz luz a esta afirmação, quando em referência a Torá do Eterno, ele diz: 
"É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem-aventurados todos os que a retêm".
Zandona faz um alerta ao entendimento dessa passagem perguntando: "Você acha que Deus deixou o mundo a deriva até o chamamento de Abraão?

Não!". Ele, afirma e tem razão.

O autor citado acima ainda ensina que, Malki-Tzedeck não era um nome, mas um título: Rei de Justiça. Ele habitava em Shalem e isto é uma referência a Yerushalaim (Jerusalém).

Alguns rabinos dizem que este Melquisedeque, rei de Salém era Shem, o filho de Noé e verdadeiramente a época que viveu Shem bate com a de Abraão. Não dá para afirmar que é uma verdade, mas que é algo a se levar em profunda consideração.

Voltando um pouco para o relato de Gênesis 14, vemos que Melquisedeque traz consigo algo fundamental para aqueles que verdadeiramente creêm ser Yeshua, o Mashiah (o Cristo).

Melquisedeque nesse encontro com Abraão, trás consigo pão e vinho. Este gesto tem uma significância muito grande e guarda uma relação muito particular com o gesto feito por Yeshua na instituição da Santa Ceia.

Este mesmo gesto cerimonial que envolve pão e vinho ajuda a explicar como devemos entender o porque que Davi, no Salmo acima mencionado, faz revelação de ser o Senhor dele da ordem de Melquisedeque.

Zandona, ainda afirma que, essa cerimônia é o que os judeus chamam hoje de kidush. Ela é feita para dar as boas vindas a alguém que está adentrando em algo. Apenas a título de curiosidade é bom esclarecer que, também Jetro, sogro de Moisés, sacerdote de Midiã, celebrou o kidush com os anciãos no momento de sua conversão ao Deus de Israel.

Voltando a Melquisedeque, temos que, no momento em que Abraão recebe de Melquisedeque e com ele come cerimonialmente o pão e bebe o vinho, ali fica referendado que Abraão adentrara na ordem daquele sacerdote. Também ficaria ali instituído que o povo de Abraão legaria a mesma missão, ou seja, de ser povo santo e naçãao sacerdotal para ensinar as nações do mundo todo a Torá do Eterno.

A contrapartida de Abraão também traz algo interessante, posto que ele resolve dar o dízimo de tudo o que conquistou para Melquisedeque e assim, conforme a ordem hierárquica das coisas do Eterno o menor dá o dízimo ao maior e o maior abençoa o menor.

Por tudo isso é que temos que estar cientes do quanto o povo de Israel é importante para nós. Devemos nos achegar a eles, orar por Israel e pela paz em Jerusalém. Devemos estar cientes do nosso papel enquanto enxertados a oliveira que é Israel e que compartilhamos com o seu povo não só das promessas, mas das obrigações e da obediência a Lei do Eterno. Ao mesmo tempo devemos estar cientes e submissos a Palavra de Deus no tocante a esta questão, que de forma brilhante foi explicada por Paulo na sua Carta aos Romanos, capítulo 11.17-21: 
"E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira. Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também".
Mas, modéstia a parte, a beleza maior de toda nossa exposição é saber que, aquele a quem Adonay entregou todas as coisas, a quem ungiu para redimir a Israel e a humanidade é também chamado nas escrituras de "sacerdote", e por isso mesmo está submisso a vontade do Pai, respeitando as Suas Alianças, promessas e cumprindo sua Lei. Ele é o judeu Yeshua Hamashiah, (Jesus, o Messias) o Filho de Deus". Porém ele não é sacerdote segundo a ordem levítica, mas segundo a ordem de Melquisedeque, isto é, Seu sacerdócio é "Eterno", não sendo apenas sacerdote para uma nação, mas para todas as nações.

Se avançarmos um pouco na história, veremos que aqueles que estavam com Yeshua no momento da ceia, íntimos da Torá, como todo bom judeu, já entendiam de cara o que significava aquele ato de comer o pão e tomar o vinho. Eles sabiam que ali estavam eles também adentrando no sacerdócio eterno instituído pelo Pai. Por isso vemos na passagem do livro de Hebreus, no capítulo 9:11-12, o seguinte:
"Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção".
Apenas o Sumo sacerdote poderia adentrar no Santo dos Santos e Yeshua é este que adentra em nossos corações para nos redimir e levar-nos aos braços do Pai para junto com Ele descansarmos e saborearmos a Shalom Eterna. Ele, que como judeu veio a esta Terra, é sacerdote não só para uma nação, mas por causa da ordem a que pertence, é sacerdote para todas as nações. 

Por todo o exposto, não esqueça, pelo nosso Mashiah Yeshua, Israel é tida como nação sacerdotal, ou seja, está ela incumbida de levar à humanidade os ensinamentos do Deus Altíssimo, revelados na Sua Torá. É Ele que nos transforma, por isso Ele é o verbo, Ele é a Torá santa do Eterno, por isso mesmo Ele (Yeshua) e Ela (a Torá) estão em pleno vigor e sua eficácia se estende por toda a eternidade.






(*) Para maior aprofundamento no tema sugiro que visite a página: http://ensinandodesiao.org.br/videos/