Estávamos viajando de ônibus, eu, minha esposa e minhas duas crianças. Era uma viagem em família. Tudo tinha dado certo e estávamos chegando da nossa aventura bem cansados. Meu menino mais velhos jogava no celular da mãe e o mais novo estava acompanhando.
Chegando no nosso destino minha mulher desce na frente dizendo que teria primeiro que passar em algumas lojas. Os demais passageiros descem e fico por último com a intenção de na saída pagar nossa passagem.
Ao descer percebo só ter no bolso duas notas de dois reais. Pergunto quanto é a passagem e o motorista responde que custou seis reais. Fico meio encabulado com o vexame. Procuro minha mulher mais não encontro. Telefonar não dava porque os meninos estavam entretidos com o celular da mãe. Bate uma aflição. Digo ao motorista que não se preocupe porque vou arranjar por ali por perto, afinal estava na minha cidade e todos me conheciam. Ele, o motorista, propõe que eu deixe os meninos no ônibus enquanto ele arrodearia o quarteirão para pegar mais passageiros, que na volta ele deixaria os meninos e eu pagaria o que devia. Aceito e saio a procurar quem poderia me ajudar naquela situação.
O ônibus sai. Encontro uma mulher vendendo balas na calçada ali próximo. Pergunto se ela pode me emprestar dois reais que eu logo lhe repassaria o dinheiro. Ele diz que não pode me emprestar dois reais. Eu insisto, perguntando se ela me conhecia. Ela afirma que sim, mas que só poderia arrumar um real.
Menos mal para mim. Revejo minha carteira e no local das moedas percebo que tenho mais um real de moedinhas. Tudo parecia dar certo, pois agora eu tinha cinco reais e com mais um real que consegueria emprestado completaria os seis da passagem.
Saí feliz e fiquei a esperar o ônibus dar a volta no quarteirão. A minha esposa nada de aparecer. Enfim, vejo que um ônibus se aproxima. Ele para, olho para dentro não vejo mais o motorista. Converso com esse novo motorista e logo descubro que aquele não era o mesmo ônibus que em que viajei.
A angústia me bate. Penso alto: Meu Deus e meus filhos? Olho para um lado e para o outro não vejo minha esposa nem solução nenhuma para aquilo. Vem logo o gôto seco que me desce a garganta. Estou arrasado. Quero meus filhos e o desespero arde em minha alma.
De repente sinto uma mão me tocando. Reconheço pelo tato aqueles dedinhos e a pele macia, olho de lado. Estou deitado junto de meu filho mais velho. Percebo que acordei e que tudo não passou de um sonho. Suspiro. Encaminho uma oração clamando por misericórdia e peço que me revele o que seria aquela revelação.
Aos poucos recebo a luz sobre o que aquele sonho retratava.
Estava eu dormindo da sexta feira para o sábado, portanto era Shabat e isso por si só já me dá o caráter de revelação. Então percebo que seis era a quantia que deveria pagar. Seis é o número de dias em que o Eterno tudo fez. No sexto dia o homem foi feito. Portanto, o seis na cultura judaica representa o homem.
Agora tudo faz sentido. A mensagem é clara. Seis são os dias de trabalho e não há outro homem em que possa pagar o preço pela benção que é a vida de meus filhos. Apenas eu e somente eu tenho que pagar o preço, cumprir as determinações pelas bençãos a mim dadas. A cada um sua responsabilidade. Seis são os dias de trabalho para no sétimo, graças ao Pai, descansarmos.
SHABAT SHALOM UMEVORAH. Um sábado de paz abençoado!
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